quinta-feira, 28 de setembro de 2017

FM-20- O IRMÃOZINHO PADRE



11º CAPÍTULO DA 3ª PARTE – O IRMÃOZINHO PADRE 



Quanto mais vocês compreenderem o Padre de Foucauld, tanto melhor verificarão até que ponto devem ser pequenos, escondidos, humildes, pobres e tratados como tais”. Comparo nossa vocação à do “pobrezinho” de Assis. Devemos ser nada mais que pobres aos olhos do mundo, “vivendo na alegria de um grande amor por Jesus . Não devemos nos prevalecer de nada, reivindicar nada, nem nada exigir.” Lutar constantemente contra nós mesmos para conservar este último lugar, vencermos a tentação que nos sugere que os religiosos e os padres devem manter como que um certo nível social. A dificuldade disso vem do fato de que somos cúmplices dessa idéia. Amar a abjeção, como que com um pouco de “loucura”, “desde que eta seja realmente para Jesus e à luz do Espírito Santo.”

Quanto aos Irmãozinhos padres, o Pe. De Foucauld só aceitou ser ordenado padre quando viu que o sacerdócio “não o impediria de continuar pequenino e de conservar toda a humildade e pobreza que tinha descoberto na vida de Nazaré.”

O relacionamento dos Irmãozinhos padres e não padres deve ser fraterno, mantido na simplicidade das relações mútuas. O Irmãozinho sacerdote não terá nenhum privilégio: tem a mesma vocação de trabalho, de pobreza e de serviço. Não pode viver menos humildemente, menos pobremente, menos escondido, mas deve ser acolhido como um verdadeiro Irmãozinho. Aliás, é justamente essa humildade de vida evangélica que os Irmãozinhos padres pediram à Fraternidade. O Irmãozinho leigo pode ser o superior de um padre: este não vive numa condição à parte.

Tanto o Irmãozinho leigo como o Irmãozinho padre devem viver um gênero de vida evangélica, esforçar-se para viver ao máximo as bem-aventuranças, querer ser pequeno, pobre, vivendo do fruto de um humilde trabalho, devotado ao próximo nos humildes serviços de uma caridade amistosa para com todos, generoso na prática da obediência, sinceramente desejoso de ser desprezado e tratado como nada em nome de Jesus,esforçar-se para realizar esse ideal na intimidade de comunidades estritamente fraternas, mas intimamente ligados à massa humana, levando a ela o testemunho do Salvador.

Eles estão unidos não só na parte externa, mas na interna, na intimidade de Cristo Salvador, com um coração de apóstolo, ardendo de desejo de salvar as almas com o Cristo Jesus, com meios pobres, numa oferenda da própria vida.

Também pela sua oração em nome das pessoas, unidas à oração de Cristo Padre na Eucaristia e no trabalho para salvar seus Irmãos na amizade oferecida a todos, sempre no testemunho do Evangelho e o amor do Salvador pela humanidade.

O Irmãozinho participa da salvação das almas quando deixa Criso orar nele, sofrer e prolongar nele sua Paixão, como obra de amor que se desenvolve na intimidade da alma com Deus, na amizade com Cristo.

Todo padre é chamado a viver essa intimidade total de oração de amor e de sacrifício. “Seu sacerdócio exige, por assim dizer, essa participação no trabalho da Redenção.” O Irmãozinho leigo alcança essa mesma intimidade de amor, essa mesma maneira invisível de ser salvador como Jesus, em virtude do batismo e de um apelo totalmente gratuito do Salvador.

É por essa atitude de oblação interior que Jesus “não era um operário como os outros”. Por isso é que se vocês não procurarem realizar essa disposição de alma faltarão com o essencial. Uma das forças do nosso estado de vida consiste em não dar ocasião à ilusão do conjunto de sinais exteriores, como o ambiente de um convento, o hábito, as atitudes religiosas e físicas, tornadas como que uma segunda natureza. Embora sejam um auxílio incontestável, podem mascarar uma real mediocridade interior, tanto aos outros como a nós mesmos.

Estar todo entregue ao Cristo Salvador com Ele: é o que dará a você o ânimo e a força em sua vida humilde de trabalhador com os trabalhadores e em tarefas de caridade. Se não for assim, um sentimento de impotência e de mediocridade tomará conta de você, que procurará sempre aspirar a realização de um dom mais completo.

Amor e generosidade: é o que fecunda a missão do Irmãozinho. Tanto o caráter sacerdotal quanto a profissão religiosa têm necessidade de serem vividos na perseverança do amor.

“A consagração religiosa completa a exigência de santidade da consagração sacerdotal, no plano da procura da perfeição e como que empenhá-la, particularizando-a nos meios evangélicos (...) É mantendo-se planamente pobre, casto e obediente, num espírito de fidelidade ao Evangelho, que o Irmãozinho é fiel à sua consagração e a vive cada dia”. É um “sim” ao convite de Jesus.

A doação, oficialmente registrada pela Igreja em nome de Jesus Cristo na profissão divina, sagrada. Ele cedeu a Jesus todos os direitos sobre sua pessoa em vista da imolação para a redenção do mundo”.


IRMÃOZINHOS PADRES E AS FRATERNIDADES

O padre celebra a Eucaristia como numa delegação dos Irmãozinhos, apresentando a Deus todas as suas intenções, cuidados, trabalhos e sofrimentos, e as de todas as pessoas. Sua vida deve ser tal que corresponda ao sacrifício Eucarístico que oferece, nas disposições da caridade e de um dom total de si mesmo que animavam Cristo na noite da Ceia.

A vocação do Irmãozinho padre é não apenas legítima, mas útil à Igreja e ao apostolado missionário. Além do fato de serem um auxílio insubstituível às Irmãzinhas de Jesus e uma necessidade absoluta para assegurar a vida sacramental das Fraternidades, veremos, a seguir, que a vocação do Irmãozinho padre é não apenas legítima, mas útil à Igreja e ao apostolado missionário.

O MINISTÉRIO SACERDOTAL DO IRMÃOZINHO PADRE.

Poderá um padre realizar sua vida sacerdotal nas Fraternidades? Esta é uma das objeções que recebemos.

Na verdade, a “Igreja reconheceu como legítima a vocação de padres e (em conjunto com) uma vida de solidão e de oração”, como a de um padre Cartuxo ou Trapista: na vida monástica intercedem pelo povo, “que é um dos deveres do encargo sacerdotal”.

Mas... e a de um Irmãozinho Padre, que não tem tempo para longas orações litúrgicas? Só celebrar a Eucaristia? O dia todo faz trabalhos e serviços que não são especificamente sacerdotais. Nem mesmo conseguirá celebrar a Santa Missa diariamente! O que sobra de sacerdotal numa tal existência?”

O QUE É VIDA SACERDOTAL

Não é apenas celebrar a Santa Missa e os Sacramentos” A vida Cristã é algo mais do que o alimento que a sustenta: o ensino da fé, da educação, da inteligência, da vontade e do amor, do exemplo e da exortação. Essa é a função dos padres, delegados pelos bispos; é a ação apostólica. Mas a ação pastoral de um Irmãozinho padre não é limitada a certas formas bem definidas de atividade.

O padre sempre representará a Igreja a um título mais particular do que um leigo. Por isso, seu modo de viver e de pensar comprometerão sempre mais a Igreja aos olhos humanos, porque todos sabem que ele pertence à hierarquia e é um homem de Igreja.

“Seu testemunho tem, pois, um alcance muito maior do que o de um leigo”. As repercussões espirituais d padres que sejam chamados pelo Cristo a abraçar um estado de pobreza e de trabalho, mesmo penoso, para tornar a Igreja presente em certos, meios, “são talvez mais decisivas para a Igreja do que se essas mesmas vidas tivessem sido preenchidas por atividades sacerdotais no sentido comum da palavra.”

O HUMILDE TRABALHO MANUAL DO PADRE

Até que ponto é coisa tradicional da Igreja o humilde trabalho manual do padre secular para assegurar sua própria subsistência?

A atitude de São Paulo de trabalhar manualmente para se sustentar, leva-nos a crer que havia nisso mais vantagens do que se dedicar só ao trabalho apostólico, apesar de perder um certo tempo com esse trabalho manual.

A Igreja também sempre continuou a pensar assim, como concordaram Paulino, Agostinho, Epifânio, Jerônimo, João Crisóstomo e muitos outros, até citando Bispos que ganhavam seu pão e sua roupa trabalhando com as próprias mãos.

AS “Constituições Apostólicas do século IV previam o trabalho manual que os apóstolos devem ter (na época eram pescadores, ou fabricantes de tendas, ou agricultores).

O quarto Concílio de Cartago obriga os clérigos, mesmo instruídos, ao trabalho, que não pudesse prejudicar o ministério. Todo clérigo fisicamente apto ao trabalho deveria aprender um ofício.

Assim também o 2º Concílio de Tour e no século VIII, um capitular de Mântua, pede aos padres que participem com o povo dos trabalhos públicos de estradas e pontes.



Até o século XVI houve essas exortações ao trabalho, mas com a diferença de que os ofícios se tornam mais elevados e menos manuais: cópias de manuscritos, música, aritmética. “O clero começa a se transformar numa classe social.

Resumo desse ensinamento:

-a importância do testemunho do trabalho manual para viver;

-que esse trabalho não impeça o padre de realizar seu ministério;

Antigamente isso não era problema, pois não havia sobrecarga de trabalho e ajudava como uma garantia moral. Atualmente isso seria difícil, a não ser para alguma padres.

Entretanto, acho importante para nossos dias o testemunho da pobreza laboriosa do clero, hoje mais oportuno do que nunca! Se não todos, pelo menos um certo número deles, mesmo sob a forma de vida religiosa.

“A vida de trabalho dos Irmãozinhos padres não é, pois, apenas uma necessidade de imitação por amor da vida de Jesus em Nazaré, mas é também necessária à Igreja para um melhor estabelecimento do reino do Evangelho entre os homens”.



QUAL FERMENTO NA MASSA

A proximidade maior com as pessoas permitem aos Irmãozinhos padres revelar-lhes um aspecto menos conhecido do sacerdócio cristão porque participam da condição de vida dessas pessoas e a aproximação é mais familiar e mais íntima.

Devem estar unidos às pessoas, mas não confundidos entre elas; “participar das condições da pobreza, mas não devem tornarem-se em tudo semelhantes a eles, pois se mantêm padres ou religiosos”.

“Deverão ser vigilantes em conservar um sentido muito justo da grandeza de Deus, da santidade da pessoa de Cristo e do caráter sagrado de seu sacerdócio ou de sua profissão religiosa”.


APÓSTOLOS E PADRES?

Em certas ocasiões, deverão proceder mais diretamente como apóstolos e como padres, conservando as relações simples e fraterna e amistosas.

“Os Irmãos devem constantemente viver e agir de maneira a demonstrar que Jesus lhes inspira uma verdadeira amizade por todas as pessoas e isso é uma mensagem propriamente cristã.”

Mesmo que nos critiquem por não procurarmos converter os outros e não insistamos em trazer as pessoas novamente aos sacramentos, “os Irmãos afirmam, muitas vezes, o desejo de amar gratuitamente, sem nenhum outro motivo a não ser o preceito de amar e porque esse amor basta-se a si mesmo”.

Ponto central da vocação espiritual dos Irmãozinhos: dar uma amizade totalmente gratuita em nome de Cristo e sem esperar nada de volta.

Não há como, porém não desejar, de todo o coração, que todos conheçam e amem o Senhor.

“A gratuidade do amor não quer dizer que sejamos indiferentes a que o Senhor seja conhecido e amado, nem que sua Igreja se dilate entre as pessoas (...). O que distinguirá sempre o verdadeiro apóstolo de Cristo será a qualidade do amor que inspira sua ação. A humildade, o respeito dos corações e das inteligências, o desapego de qualquer satisfação pessoal no resultado obtido, a permanência de uma amizade verdadeira, independentemente de qualquer perspectiva de conversão, devem caracterizar os discípulos do Senhor.”

Conduzirem, sim, seus amigos ao pleno conhecimento e ao amor de Cristo, mas escolheram como meio de apostolado unicamente a demonstração de amor: “É por esse sinal que reconhecerão que sois meus discípulos”. Sinal que deve ser dado em plenitude. Amar os mais distantes e os mais pequeninos, como Cristo amou. “Nós os amamos com amizade, seja qual for a atitude deles em face da mensagem cristã.”

Sem preocupação com a eficácia imediata. Exercer o apostolado na amizade e por meio dela, de preferência a qualquer outro meio de convencer e de ensinar.

CONCLUSÃO

1- Saber a que estado de vida Deus nos chama, seja religioso, pai de família, monge, enclausurado, bispo, Irmãozinho, vigário paroquial etc.

2- Viver esse estado de vida com o maior amor possível, a única perfeição que conta. Sem mediocridade.



O certo é que é no estado de vida desejado por Deus que poderemos atingir o mais alto grau de amor ideal.