sábado, 24 de março de 2012

ATUALIDADE...1ª PARTE



1 - Situação espiritual do mundo atual Num primeiro momento, eu gostaria de refletir com vocês em que sentido esse talante espiritual - mais do que espiritualidade - do Irmão Carlos é uma proposta que pode interessar ao mundo de hoje.
Onde e como situar essa proposta? Para isso. pode ser útil captar o que o Irmão Carlos introduz de verdadeiramente novo na história da espiritualidade cristã e o que há nela de inspirador para o momento de nosso mundo e de nossa cultura.

Em grande parte o mundo atual, a sociedade atual, nossa cultura pós-moderna, se apresentam como um ‘mundo sem Deus’. É um pouco o que veicula a cultura moderna e pós-moderna. O homem moderno se fez o centro de seu ser, de sua vida. e em certo sentido pode prescindir em tudo dessa referência a Deus. Por isso se fala tanto (já desde o século XIX) da ‘morte de Deus’. Ou cada vez sentimos mais, no modo de viver das pessoas, a ‘ausência de Deus’.

As novas gerações parecem dispensar tudo isso. E isso reflete na perda de valores, na falta de sentido da vida, nesse vazio em que as pessoas não sabem o que buscam. Como se reflete também na busca anárquica do ‘espiritual’ em todas as formas possíveis, muitas vezes as mais exóticas.

Mas nessa busca há uma sede de algo que mostra que o ser humano não pode. sem mais, abandonar uma referência à Transcendência.

Essa busca muitas vezes se contenta com pequenas transcendências, poderíamos dizer, que de alguma maneira nos fazem sair de nós mesmos, mas que não se atrevem a chegar à experiência da verdadeira Transcendência. Pequenas transcendências que podem ser meu grupinho de amigos, meu clube, minha região... Isto nos faz olhar um pouquinho mais além de nós, mas não nos tira de nós mesmos.

Neste sentido, muitas vezes na própria Igreja, a maneira de situar-se diante desta realidade cultural, aquela que nos toca viver, está mais habitada pelo que João XXIII chamava os “profetas da desgraça”, que não sabiam ver os sinais de esperança, que vêm tudo mal. Isso impede que se possa responder a essa situação de maneira criativa, com algo que responda de fato à necessidade dessa situação.

Digo isso porque a este que chamamos muito genericamente ‘mundo sem Deus’, quer-se responder muitas vezes com um “Deus sem mundo”, ou seja com propostas espirituais que não correspondem a essa situação. Eu creio que, atualmente, no âmbito da proposta da fé atualmente, da experiência cristã e de uma espiritualidade capaz de dar sentido ao que se vive hoje. há uma ausência a notável de propostas eclesiais que sejam atraentes.

A resposta, muitas vezes, é endurecer os aspectos doutrinais, mas isso não responde aos problemas das pessoas e, portanto, não alimenta a experiência. Isso não significa que a doutrina não tenha importância. Mas no seu devido lugar. Nenhuma doutrina pode substituir a experiência viva. Cada coisa em seu lugar.