sábado, 24 de março de 2012

ATUALIDADE DO IRMÃO CARLOS - Introdução

Atualidade da experiência espiritual de Carlos de Foucauld para a Igreja e para o Mundo de hoje Pe. Carlos Palácio, SJ

Introdução 

Tal como me formularam o tema desta segunda colocação, trata-se de algo muito sério, muito impressionante, difícil de manejar, porque é mais ou menos isto: “Uma espiritualidade para o mundo atual, a de Carlos de Foucauld” e: “Missão da Fraternidade na Igreja e no mundo de hoje”. São dois aspectos de um tema que é para assustar qualquer pessoa. No fundo, são duas afirmações ou aspectos de uma mesma e única realidade.

Poderíamos começar dizendo que a espiritualidade do Irmão Carlos é a experiência de ser e viver para os outros. Digo isso porque a palavra “espiritualidade” sugere muitas vezes - em certa tradição cristã ao longo dos séculos - algo aéreo, alienado, distante da realidade; recortes de uma experiência, aspectos que se sublinha ou se põe, em primeiro plano, de uma maneira de viver.

Há ‘carismas’ ou ‘espiritualidades’ que são mais ‘devoções’. Para dar um exemplo, as sete chagas do Senhor. Será isso suficiente para alimentar uma verdadeira experiência espiritual, uma espiritualidade? Não se trata de desprezar as devoções, é um exemplo de como muitas vezes a espiritualidade se empobrece, se banaliza.

Nesse sentido, creio que a força da espiritualidade do Irmão Carlos é como o sopro que o faz viver, o sopro que alenta sua experiência de vida, de existência. E que não se pode reduzir a um aspecto, pois é o conjunto desta maneira de viver que deve alimentar a vida e que a alimenta.

A raiz do que se poderia chamar espiritualidade do Irmão Carlos é a experiência de viver com Espírito. Por isso não se pode separar os aspectos, por exemplo: a espiritualidade do Irmão Carlos se alimentaria da adoração. Sem dúvida, é um aspecto importante em sua experiência de vida, mas é um aspecto que não se pode separar, como tampouco se pode reduzir sua espiritualidade à oração de abandono. E essa totalidade que inspira, que alenta e dá sentido ao viver.

Por isso digo que são como dois lados de uma mesma experiência e realidade. O tema de hoje é como voltar a olhar a experiência a partir de um outro prisma.